Emília Freitas nasceu em 11 de janeiro de 1855, em Vila União, distrito de Aracati, no Ceará. Crescendo em um ambiente letrado, a filha do tenente-coronel Antônio José de Freitas — um abolicionista, liberal e republicano — e de Maria de Jesus — muito cuidadosa com os filhos e escravos, ensinado muitos destes a ler e escrever — teve influências que se tornariam perceptíveis em sua produção intelectual nos anos seguintes.
O ano de 1869 é marcado pelas mortes de seu avô paterno, de seu pai e de seu irmão mais velho. Em uma sociedade fortemente patriarcal, a perda desses entes queridos sacode a posição social da família. Devido à dor do luto e aos confrontos políticos com conservadores da região, que difamavam a memória do patriarca progressista, a família de Emília Freitas, composta por mais de doze membros, muda-se para a capital da província, Fortaleza. Ali, ela daria continuidade aos estudos formais das línguas inglesa e francesa e de geografia e, anos depois, como constam em documentos biográficos, estudaria na Escola Normal.
Na década de 1870, diferente de outras mulheres que já se encaminhavam para a vida matrimonial, a jovem escritora dedica-se à literatura, colaborando em importantes veículos, como o Libertador, A Quinzena e O Pão, escrevendo poemas marcados por momentos intimistas de sua vida. Destacam-se “Conforto” (1875) e “A mãe escrava” (1877), este reforçando sua visão abolicionista. Em 1883, rompendo de vez com a condição doméstica que lhe esperava, começa a recitar poemas em eventos, como a fundação da Sociedade das Cearenses Libertadoras, e espaços públicos, como o Clube Cearense.
O tom pessimista presente em sua produção poética acentuou-se a partir da morte da mãe, em março de 1885. Em 1891, suas poesias são reunidas e publicadas em Canções do lar. Seguindo a inclinação de muitos cearenses, em 1892, ela e seu irmão Afonso Américo mudam-se para Manaus, onde ela viria a atuar como professora no Instituto Benjamin Constant. Ainda no mesmo ano, ocorre a publicação de O renegado, obra mencionada em sua pequena fortuna crítica, mas que, até o presente momento, ainda não foi localizada em nenhum acervo.
É na capital amazonense, em 1899, que Emília Freitas conclui a escrita da mais importante de suas obras, A Rainha do Ignoto. É também em Manaus que ela conhece o jornalista e escritor Arthunio Vieira, com quem veio a se casar, em 1900. Ambos retornam para Fortaleza, iniciando a vida conjugal e também de divulgação das ideias espíritas — doutrina da qual ela era praticante convicta —, e onde a autora realiza o lançamento de A Rainha do Ignoto.
O casamento de ambos foi um marco nos últimos anos de vida da escritora, nem tanto pelo valor moral em si, mas sobretudo porque foi o ponto de partida para uma peregrinação por cidades do Norte do Brasil, com fins de divulgação da doutrina espírita, iniciada ainda em Fortaleza com a fundação do jornal espírita Luz e Fé — cuja missão era propagar a doutrina de Allan Kardec — e do grupo espírita Verdade e Luz, ambos em 1901. Até o fim deste mesmo ano, o casal retornaria ao Amazonas.
Morreu em Manaus em 18 de agosto de 1908.
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