Autoria: Arthur Lamas
Data: 19 dez. 2019
O aclamado universo de Star Wars é considerado por muitos como um divisor de águas no cinema, e um dos motivos se deve ao seu sucesso inesperado. Contava com efeitos especiais bem mais avançados do que aquela geração estava acostumada, ainda mais por se tratar de uma história ambientada no espaço. Tudo era muito novo e não havia como prever tanto sucesso — até a 20th Century Fox, desacreditada no projeto, acabou cedendo todos os direitos de produção para seu criador, George Lucas, o que lhe permitiu abrir sua própria produtora, a LucasFilm.
Bom, mas não quero apresentar a trama da série e nem a biografia do George Lucas, e sim chamar a sua atenção para algo que vai muito além de uma história de grande sucesso. O que está escondido por trás desse universo ultrapassa o sucesso de bilheteria, os efeitos especiais e a influência que exerceu em produções posteriores. Acredito que ninguém imaginava que a obra construída por Lucas escondia todo aquele potencial narrativo — que nos deu inúmeras possibilidades de criação de histórias capazes de completar o filme.
Uma base de fãs bem construída e crescente (até meio fora do controle) viabilizou que fanfics fossem escritas a partir de algumas pontas soltas e de partes pouco exploradas na trama principal. Aos poucos foram surgindo criações não canônicas que iriam se completando a partir da interação entre essa base de fãs e interessados em contribuir com a obra, quase como um coletivo. A história não estava mais presa às telas do cinema: agora ela havia sido recontada com enfoque em livros, quadrinhos, bonecos de ação, jogos de tabuleiro (e, hoje, também digitais) — tudo se conectando com perfeição e enriquecendo o universo de George Lucas —, e, claro, isso foi visto com muitos bons olhos por ele.
Inicialmente, toda a história central nos fora apresentada por uma plataforma que é o cinema, e seu rico universo, com margem para muitas possibilidades diferentes, nos deu o prazer de viver uma experiência que estudiosos alcunharam de “transmídia”, afinal, ela poderia ser consumida de diversas formas e a partir de gostos diferentes, atingindo não apenas os amantes de cinema, mas todos os tipos de público, e cada qual teria uma experiência única e, ainda assim, completa.
Sou fã incondicional da obra original, logo sou meio suspeito para falar da franquia Star Wars. Considero-a, além de um marco na história do cinema, um dos precursores de um movimento transcendente, que rompe os limites impostos pelas plataformas convencionais e expande uma ideia, levando-a para além do suporte de partida, gerando interatividade entre o criador e os cocriadores indiretos — compostos por essa base de fãs e idealizadores independentes (como assim gosto chamá-los). E o que mais me comove é que isso foi feito antes de termos a internet, que hoje é uma facilitadora para esse tipo de interação. Isso só me deixa mais admirado pelo universo. Então fica aqui a minha recomendação de uma incrível história que usa e abusa de storytelling e que, mesmo depois de quarenta anos, segue adquirindo novos e entusiastas admiradores. Que a Força esteja com você!

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